Muito se tem escrito, nos últimos anos, sobre a Grande Imigração Italiana dos fins do século XIX e início do século XX. Pena que poucos tenham lido. Os livros e as teses escritos nas Universidades, mal saem delas. Talvez por serem muito técnicos, talvez por terem tido pouca divulgação, talvez porque o público alvo do autor não tenha sido o povo, a população em geral. Até parece que esses textos, com raras exceções, tenham como objetivo ‘enriquecer’ o conhecimento de um pequeno grupo de iniciados. Outros autores, menos elitizados, parecem estar interessados apenas na divulgação de gafes, anedotas e histórias de mau gosto, ridicularizando os imigrantes e seus descendentes. Em oposição àqueles e a estes foi escrito este Almanaque, onde textos sérios, de História e de Cultura, são mesclados com crônicas e histórias, lendas e rezas, curiosidades e culinária, provérbios e citações. Foi pensando em quem leria nosso trabalho que escolhemos o título: Almanaque Talian. Queríamos um ‘almanaque’, isto é, algo que estivesse presente em todos os lares, como estiveram, em nossa juventude, o Almanaque do Biotônico, do Capivarol, da Saúde da Mulher,… O qualificativo ‘Vêneto’ está aí para levar nossa homenagem aos bravos descendentes dos trivêneto-lombardos que desbravaram e levaram a civilização aos mais recônditos rincões do nosso País. O Almanaque está dividido em História (desde as origens indo-européias dos imigrantes, ao seu assentamento e dispersão em terras brasileiras); Cultura (idioma, folclore, lendas, costumes, música, cantorias, artes plásticas e literatura); Religiosidade (a prática religiosa, as capelas e as primeiras igrejas, calendário religioso, a Santa Missa – em talian –, os valdenses – quem eram e sua convivência com a maioria católica); Arquitetura (as primeiras casas, casas de madeira, casas de pedra); Culinária (o dia-a-dia, as festas, o galeto e o churrasco: origem e disseminação); Histórias de antanho/Stòrie de sti ani (texto original em talian, com tradução, narrando acontecimentos marcados pela graça ou pela desgraça, espirituosos ou ridículos); Curiosidades (provérbios, citações e textos do tipo ‘Você sabia que …’); Ilustrações (charges, mapas, desenhos e fotos). Tudo isso, bem misturado, como convém a um Almanaque que se preze.