Este livro apresenta-se como um gesto de aproximação crítica. Sem pretensão de totalidade, mas com plena consciência de seu lugar na tradição teórica, propõe-se a explorar, com precisão e sensibilidade, quatro contribuições centrais da teoria crítica contemporânea: Jürgen Habermas, Axel Honneth, Seyla Benhabib e Iris Marion Young. Cada um, à sua maneira, representa um desdobramento específico daquilo que se pode chamar de racionalidade crítica — um modo de pensar que interroga as formas de dominação, busca fundamentos normativos para a justiça e preserva o vínculo entre teoria e transformação social. A leitura aqui proposta não busca canonizar, mas compreender os itinerários conceituais que esses autores traçam em diálogo com seu tempo e com os impasses da modernidade tardia. O projeto teórico que sustenta este manual é orientado por uma preocupação metodológica e política: tornar inteligível o modo como esses pensadores estruturam seus diagnósticos sociais e propõem alternativas normativas. Trata-se de articular a crítica imanente às instituições com a reconstrução argumentativa dos valores que ainda sustentam sua legitimidade. Em Habermas, encontramos o fundamento discursivo da normatividade democrática; em Honneth, a centralidade da experiência intersubjetiva do reconhecimento; em Benhabib, a elaboração de um cosmopolitismo deliberativo sensível à alteridade; em Young, a análise estrutural da opressão como horizonte de justiça. Este livro sistematiza essas contribuições não para resolver suas tensões, mas para evidenciar suas conexões e fraturas, oferecendo ao leitor não um roteiro, mas um repertório crítico para compreender — e intervir — no mundo social.