O que me levou a escrever esse livro: Alguns anos atrás não consegui sair de casa, pois um “filho de uma santa” estacionou na porta da minha garagem, mesmo com uma enorme placa, em vermelho e branco, alertando que é proibido estacionar ali. O coração bombeou com força, os músculos ficaram preparados para a batalha; mas nada. O infeliz estacionou e entrou em algum prédio na vizinhança. A Sra. Raiva cochichou no meu ouvido a solução para o problema! Entrei no meu carro, engatei a ré e acelerei com força. Acertei exatamente na coluna entre a porta dianteira e a traseira. O carro ficou com um vinco em forma de V. Voltei para a garagem, fechei o portão e esperei. Não chegou a vinte minutos e o interfone tocou. Era o porteiro avisando que o dono do carro batido queria falar comigo. Desci com uma calma, catarse já havia feito o seu papel. A conversa foi tensa, mas para resumir a história: acionei o seguro e o carro do “distraído” foi consertado. Nessa noite, com a cabeça no travesseiro, me reconheci dentro de um padrão de fúria e agressividade na minha vida. Foram muitas situações em que me vi dominado por ela. Percebi que ela vinha em uma espiral crescente que me lançaria para alguma fatalidade. O que você encontrará aqui é um processo de cura. Acredite, viver com raiva nos mata aos poucos. A Raiva fez parte da minha vida por tempo demais. Reciclá-la, todos os dias, para ter paz não é fácil, mas vale à pena. Não estou propondo que você descarte a raiva da sua vida, isso é bobagem! A raiva é necessária, fundamental para a sua sobrevivência. Sim, o careca que aparece na foto sou eu controlando a minha raiva. Ela está lá, presta atenção no olhar ela está escondidinha nele. ( De tempos em tempos raspo a cabeça como um exercício de humildade e autocontrole .). Nem o mais PHODA dos monges budistas vive sem a raiva. Ela é legítima, vem de fábrica. Sem a raiva você seria, apenas, um uma geleia ambulante. A raiva é poderosa, nas páginas seguintes, vou te explicar como funciona na prática. É o relato de quem passou a maior parte da vida sentindo raiva, muita raiva. Ela vicia como droga pesada, depois de um tempo não dá para viver sem ela. É como um super combustível, faz o seu motor multiplicar a potência, te tira de qualquer atoleiro, faz você avançar. Mas é por demais abrasiva, te destrói por dentro e por fora. É fácil viver com raiva, de si mesmo, da família, colegas de trabalho, vizinhos, da vida, de Deus! Não dá para arrancá-la de dentro num puxão. Pode ser que venha junto o coração, fígado... É preciso paciência, resignação e principalmente coragem. Matar a raiva de fome. Ela que está acostumada a banquetes diários, vai minguar, protestar, se rebelar, mas perderá força. Enquanto com uma mão você a sufoca, com a outra planta sementes de amor, bom humor e paciência. Não é fácil, nem rápido e vai doer, mas não existe outro caminho. Chega uma hora em que será você ou ela, um duelo mortal. Eu consegui vencer e olhe que passei décadas alimentando minhas raivas e ódios, se eu consegui, você também conseguirá. No começo assusta viver sem o peso dela (É como andar de bicicletas sem as rodinhas), mas tudo se torna mais fácil, fluido, leve, colorido e vamos combinar, trocar o fel pelo mel é maravilhoso! Vem comigo, sua jornada de libertação começa agora! Georg Frey